Chereads / apostles of sins / Chapter 5 - Capítulo 5 — Ecos do Confronto

Chapter 5 - Capítulo 5 — Ecos do Confronto

Capítulo 5 — Ecos do Confronto

O som da última explosão ainda ecoava pelas paredes da arena subterrânea, abafado pelas vibrações do concreto e das estruturas metálicas. Uma névoa densa de poeira e energia pairava no ar, enquanto pequenas faíscas cintilavam ao redor, como se o espaço estivesse tentando se estabilizar após a batalha brutal.

No centro da arena, Soshi permanecia ajoelhado, o corpo exausto e ofegante, com os punhos cerrados e a armadura parcialmente danificada. As marcas do combate estavam por toda parte — fendas no chão, pedaços de metal retorcidos, e o cheiro de queimado misturado ao suor. À sua frente, Mey permanecia de pé, a respiração controlada, seu olhar sério fixo nele, avaliando cada mínimo detalhe.

O silêncio entre eles não era vazio. Era carregado de significado.

Soshi baixou a cabeça, os músculos pulsando em dor, mas algo dentro dele... algo novo, começava a despertar. Durante toda a luta, pela primeira vez, ele não havia sido apenas guiado pela fúria ou pelo instinto. Aos poucos, ele começava a sentir, como se sua energia — antes selvagem e incontrolável — estivesse tentando se comunicar.

— Então... era isso o tempo todo? — sussurrou ele, encarando as próprias mãos. — Não é só poder bruto. É algo... vivo.

Mey deu alguns passos até ele, seus olhos vermelhos e atentos suavizaram-se por um instante.

— Você está começando a entender — disse ela, com firmeza, porém em tom quase fraterno. — Sua energia não é uma arma. É uma extensão de quem você é. O problema é que, até agora, você só tentava forçá-la a obedecer. Poder não funciona assim.

Soshi apertou os olhos, enquanto flashes da luta voltavam à sua mente. Aqueles momentos em que os golpes de Mey não pareciam apenas testes de força, mas sim tentativas de guiá-lo, como se cada embate fosse uma lição não dita.

Ele se levantou com esforço, sentindo o peso do próprio corpo, mas algo estava diferente. A energia que antes fluía de maneira descontrolada ao seu redor agora parecia ter diminuído sua fúria, se tornando um fluxo constante, quase sincronizado com sua respiração.

— Eu senti isso... bem no fim — murmurou. — Como se... minha energia me respondesse. Não é só destruição.

Mey cruzou os braços e soltou um leve sorriso de canto.

— Está certo. Seu poder vai além do que você conhece. Mas você só vai descobrir a verdade se continuar a enfrentar a si mesmo.

Ela se virou e encarou a arena devastada. O chão carregava as marcas do que tinha sido um verdadeiro campo de guerra. Cada fissura, cada pedaço de parede rachada, tudo era o reflexo do caos que havia acontecido ali. Mas, no fundo, era mais do que isso. Era o reflexo da transformação de Soshi.

— Essa luta não foi só contra mim — continuou ela, sem encará-lo. — Foi contra quem você pensava que era.

Soshi respirou fundo. Agora, o barulho ao seu redor parecia diferente. A energia que circulava no ambiente estava conectada com ele de uma forma sutil, como se pudesse sentir cada resquício que havia sido liberado durante o confronto. Fechou os olhos e, pela primeira vez, sentiu-se parte de algo maior.

Seus pensamentos foram interrompidos quando Mey voltou a falar, séria:

— Mas não se iluda. Entender é apenas o primeiro passo. Você está longe de dominar o que carrega. E pelo que vi, quando esse poder se libertar por completo... nem eu sei o que pode acontecer.

Um silêncio pesado pairou entre eles. Soshi abriu os olhos, seu olhar agora mais focado, mais calmo.

— Então é isso — disse, com um sorriso confiante, mesmo com o cansaço marcando cada músculo. — Eu não vou mais fugir do que sou.

Mey assentiu, aprovando a decisão.

— Ótimo. Porque as batalhas que virão vão exigir mais do que força. Vão exigir controle.

Antes que pudessem sair da arena, passos ecoaram pelo corredor escuro. A porta de ferro rangeu ao se abrir lentamente. Alguém estava ali.

Uma figura encapuzada surgiu, a energia no ar pareceu congelar. O olhar de Soshi e Mey se cruzaram rapidamente, seus corpos assumindo reflexo de combate mesmo exaustos. A figura parou à sombra, sua voz grave preencheu o ambiente:

— Então ele finalmente começou a acordar... interessante.

E foi nesse instante que Soshi sentiu, pela primeira vez, algo além do seu poder. Algo que parecia familiar, e ao mesmo tempo... extremamente perigoso.

---